Aos que tiveram seu pai até a idade adulta*
*Aos que tiveram seu pai até a idade adulta*
Eu me lembro... era apenas um menino de sete anos quando meu pai se foi. Naquela manhã, diante da ausência que eu não compreendia, um tio querido tentou suavizar a dor e me disse: “Seu pai não morreu.”
Na minha ingenuidade, ouvi, compreendi as palavras, mas pensei comigo: *“Ele acha que eu não sei... mas eu sei. Eu sei que meu pai morreu.”*
Só que eu *não sabia*.
Eu não sabia o que era a morte.
Eu não sabia que não haveria mais mãos dadas pelas ruas, que não ouviria mais conselhos, que ele não estaria ao meu lado nos tropeços da adolescência, nem nos desafios da vida adulta.
Eu não sabia da falta que ele faria por tanto tempo — e para sempre.
Cresci.
Aprendi com a vida o que ele não pôde me ensinar.
E hoje, com a maturidade que o tempo traz, percebo o que jamais saberei: como teria sido crescer com ele por perto.
É a vocês que tiveram esse privilégio — não por culpa, mas por sorte — que me dirijo.
Vocês que viram seus pais envelhecerem, que puderam lhes devolver cuidados, ouvir suas histórias mais de uma vez, ou simplesmente tê-los por perto.Guardem isso com carinho.
Porque há quem cresceu com um espaço vazio onde deveria ter havido presença.
E esse espaço nunca se preenche — apenas se aprende a caminhar com ele.
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