Pré conceito

Preconceito é coisa que os outros têm.

Sempre percebi que nunca percebemos nossos preconceitos. Aliás é um absurdo que eu tenha aquele preconceito que vejo claramente em outras pessoas.

Lembro sempre de um fato ocorrid8o com minha mãe, que acho que ela percebeu dado à sua simplicidade de observação. Houve época em que ela estava frequentando diferentes Igrejas na tentativa de encontrar uma que se identificasse com ela ou que suprisse sua carência espiritual. Numa destas visitas, estava sendo apresentada uma peça teatral pelos próprios membros da Igreja, na qual a idéia era mostrar aos fiéis que no dia a dia estávamos renegando Jesus, quando ele se apresenta a nós na forma de pessoas necessitadas. Era época de natal e o tema girava sobre um mendigo que se apresentava à porta de casas que estavam fazendo banquetes e ceias de natal, pedindo para ser acolhido ou poder participar da comemoração. Toda ia todos davam uma desculpa e o não aceitavam o mendigo, que no caso seria o próprio Jesus, dando um passeio pelo terra na época em que comemoram seu nascimento. No  momento da apresentação teatral, eis que entra pelo corredor da igreja uma mulher maltrapilha, pedindo em voz alta que o pastor a abençoasse. Num primeiro momento a impressão de minha mãe é que a mulher fazia parte da peça teatral, pela forma em que adentrou à igreja em direção ao local da apresentação. Mas era realmente uma moradora de rua, que para os padrões sociais não "batia muito bem da cachola". O que ocorreu em seguida é que o pastor solicitou que a mesma fosse impedida de adentrar à igreja e colocada para fora. Minha mãe percebeu que aquela mendiga poderia, no mundo real,  estar representando a mesma situação do mendigo Jesus na pela teatral e que as mesmas pessoas que pregavam o acolhimento e atenção às necessidades dos outros, optaram por renegar a mendiga real. Mas o interessante disto tudo, em mais um golpe aplicado pela senhora "sincronicidade", no momento que escrevo este texto, alguém bateu à porta de minha casa e quando minha esposa foi atender, ele se apresentou como portador do vírus da AIDS e que estaria vendendo panos de pratos para seu sustento. Isto me fez logo pensar em alguém que estava se aproveitando da situação ou ent.  ão dando um golpe, para conseguir dinheiro. Aí então acordei e percebi que a história se repetia comigo, num estranho acontecer em ciclos repetitivos e acordei para o fato de que preconceito é mesmo coisa que só existe nos outros. Como diria minha mãe: "Tomou papudo!'.
Tony Arlen.

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