Reter ou não reter. Eis a questão

 Ter ou não ter ? Vibrações das coisas

Ultimamente tenho ouvido muita sugestão, críticas e intervenções sobre a questão de acumular e guardar coisas. Querem definir para mim o que devo guardar e dispor principalmente em relação às coisas antigas ou mesmo novas.

Devo jogar fora meus LPs, meus chapéus, meus DVDs, meus cadernos de poesias, meus livros, minhas caixas e embalagens, meus equipamentos e computadores antigos, quiça minhas fotografias, meus cartões, quadros. Devo também me livrar dos armários, guarda roupas, sapatos,

Recentemente, jogaram fora um guarda roupas e depois foram comprar um tanto de caixas para colocar coisas que podiam ter ficado no guarda roupas... mas o guarda-roupas era antigo... tudo que é antigo e velho deve ser descartado e trocado por coisas novas. Lembrei-me do título de uma palestra de um frater rosacruz: "Compro ouro velho"... Existe ouro velho? 

Lembro-me dos Registros Akáshicos, das vibrações acumuladas por milhares de anos nas coisas, Lembro-me da psicometria, do sentir..

As árvores de meu quintal, por que tantas? Minhas mudas roubadas, ganhadas, devo preservar?

A questão é: Quando eu descartar um disco, o que estarei jogando fora? Será que é realmente só um disco, ou estarei jogando toda a história que o envolve? As músicas ali contidas, os momentos em que foram ouvidas. E os livros? Quem me deu este livro? O que este livro mudou em mim? E esta árvore, devo cortar. O que vai junto com ela? Quantos frutos já comi? Quem plantou a muda de uma semente, teria sido minha mãe que já se foi?

Outro dia, meus noros estavam  discutindo sobre "minimalismo", devo ter 5 carros ou um só? Devo ter vários empreendimentos ou um só? Um trabalho, 2 trabalhos, 3 trabalhos? Um cartão de crédito ou vários? E as mulheres, quantos sapatos, quantas bolsas ? E as crianças? Quantos brinquedos? Lembro de uma das primeiras coisas que aprendi na Rosacruz: "não somos donos de nada, tudo está conosco por empréstimo". Quantos cachorros devo ter? Quantas galinhas e patos? 

Devo jogar a água do banho do bebê fora junto com com o bebê?

Na ânsia de parar de fumar devo jogar o maço de cigarros fora? E logo depois sair arrependido, louco para comprar outro?

Lembrei-me da história do "muquirana" que respondeu a quem o criticava: "Tenho certeza que meu prazer em guardar cada centavo  é bem maior que o esbanjador terá em gastar"

Lembro-me do meu padrinho com um patrimônio gigante, morando em uma casa simples, sem mesmo com as paredes rebocadas. Lembro-me dele vivendo a vida caçando e pescando, sem se importar com aquilo que herdara dos pais que eram acumuladores ferrenhos. Lembro de Gribran Khalil Gibran: "Dai agora, para que a época da dádiva seja vossa e não de vossos herdeiros..."

 Uma cadeira que Napoleão sentou, num museu, pode valer milhões, outra cadeira igual, pode não valer mais do que a madeira de que foi feita.

Enfim acho que a questão de acumular ou dispor é uma questão íntima que cada um deve decidir de acordo com sua consciência e sentimentos. É uma coisa que ninguém deve decidir ou impor a outrem porque o valor das coisas não está só nas coisas.

Tony Arlen

Rancho Toca do Morcego, num dia chuvoso de janeiro de 2020.

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